"Segundo a entrevistada, a ética será um valor que as empresas irão criar em seus funcionários"
Maria Cecília Coutinho de Arruda: Ética bem vivida dá lucro
Por Francisco Viana, Mário Viana e Patrícia Branco.
Em entrevista ao site do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial - ETCO, a Vice-Presidente da ISBEE? International Society of Business Ethics and Economics uma ONG sediada na Universidade Notre Dame em South Bend, Indiana e Coordenadora do Centro de Estudos de Ética nas Organizações da EAESP? FGV, a professora Maria Cecília Coutinho de Arruda, defende uma tese original: o movimento em defesa da ética vai ganhar força e amplitude a partir das empresas Estudiosa de Aristóteles, lembra que o filosofo grego foi o primeiro a aliar a capacidade de criar riquezas à responsabilidade social. Nos tempos modernos, isto significa que a ética e o lucro não são incompatíveis. Pelo contrário. Atitudes éticas fortalecem o mercado, semeiam a prosperidade econômica e fortalecem as empresas.
O que é ética nos negócios? É uma questão meramente filosófica ou é um conceito que pode sair da filosofia para a prática?
Eu entendo a ética como sendo pensar e agir bem. Aí nos negócios isso se aplica dentro das situações de negócios em relação a conduta pessoal, às políticas e a cultura ética de uma empresa, das organizações, ou até num âmbito mais amplo que seria a ética nas relações internacionais, num macroambiente, nas questões de tecnologias, enfim nos problemas que extrapolam as relações da própria empresa e da conduta pessoal. E passa para acordos internacionais e formas de fazer negócios que sejam boas. Então o conceito em si é muito simples, agora como as aplicações começaram a ser muito específicas em determinados setores, então se começou a trabalhar o conceito de ética nos negócios, diferente de ética aplicada às organizações. Assim, surgiram algumas teorias específicas para a área de negócios.
O que seria uma empresa ética na prática?
É difícil dizer que a empresa é ética, porque são as pessoas que tem a liberdade de agir bem ou mal. Popularmente se diz que uma empresa é ética quando ela tem uma reputação favorável, ou seja, ela remunera bem os empregados, num valor justo, quando ela tem produtos ou serviços que são bons, com qualidade. Quando ela trata com respeito todos os acionistas, todos os públicos com quem lida direta ou indiretamente. Paga os impostos, atende os clientes com qualidade, pontualidade. Assume os compromissos e responsabilidades. Uma empresa é ética porque atua com princípios éticos.
No ambiente brasileiro, as empresas têm condições de ser éticas enfrentando juros altos, impostos muito elevados, concorrência desleal, etc... Como é que fica esta questão?
O importante é que a empresa tente ao máximo viver a lei corretamente, cumprir tudo o que é preciso, ser leal com os concorrentes, com os seus funcionários e o que é mais importante, que faça um lobby bem feito. Quando a legislação impede de que a empresa sobreviva, por exemplo, pelo excesso de carga tributária, ou excesso de rigidez nos critérios do governo, é importante fazer um lobby positivo. Não é que a empresa só vá pensar nos seus interesses, mas que busque junto com os concorrentes caminhos e oportunidades para que os negócios do setor avancem. Sob esse aspecto as empresas são um pouco omissas. Quando existe algo de muito interesse econômico, elas lutam, batalham, fazem lobby positivo e conseguem seus objetivos. Agora quando é uma questão ética às vezes não se mobiliza com
tanta força. Tenta encontrar caminhos mais fáceis e que nem sempre são os mais corretos.
A que pode ser atribuída tal contradição?
Falta liderança. Quando há uma liderança ética, ela mobiliza porque as pessoas querem fazer bem feito e não fazem porque existe um concorrente mais forte que não faz. Ou se fizer, teme perder participação no mercado, perder o interesse dos investidores, acionistas e teme que talvez no curto prazo perca um pouco de dinheiro. Muitas vezes os próprios acionistas no Brasil não estão interessados em perder dinheiro e preferem cortar caminho. Valorizar o seu patrimônio ao invés de perder no curto prazo e ganhar no longo prazo.
Onde esse tipo de prática construtiva vem conseguindo êxito?
Quando a lei se faz cumprir, quando existe uma cultura de cidadania, os países tendem a agir com respeito. Portanto a ética vem quase que num cumprimento de normas e leis, aí todos concorrem em igualdade de condições. No Brasil, como a gente não tem o cumprimento da lei, como a grande tradição é burlar a lei quando se pode, é indispensável uma liderança ética que diga: eu sou um líder de mercado no meu setor, eu vou agir eticamente, eu vou ter êxito. Os países que poderiam servir de referência para nós têm uma cultura ética muito diferente porque para eles a legislação é séria.
Que países seriam esses?
A Alemanha e os Estados Unidos são muito sérios na questão ética. Na Inglaterra trabalha-se muito seriamente. A Espanha está começando a fazer um trabalho muito interessante nas empresas. A África do Sul e o continente africano em geral estão começando a melhorar muito o trabalho da ética, principalmente através da academia começando a dar suporte às grandes empresas.
Quer dizer que a academia vai às empresas? De que forma?
Através de workshops, congressos, apresentação de casos, pesquisas entre os setores empresariais. Se o tema da ética chega com mais prestígio, com mais força, mais qualidade, então as empresas olham com seriedade. Uma coisa que influencia muito é o benchmarking. Assim como em qualidade e produtividade todos querem ser os primeiros, nem que seja pela vaidade se deseja também estar em primeiro lugar no campo da ética.
Que empresas estariam se destacando neste contexto?
Eu gosto muito da Merck Sharp & Dohme que é um laboratório americano. Eles têm um programa de ética há muitos anos. Existe, inclusive, uma profissional de ética junto ao presidente da empresa internacional que zela constantemente pelo programa de ética interno. Há muitas empresas com atitude semelhante. Não de uma maneira
burocrática, cheia de regras. Mantêm os ombudsmen da ética, os CEOs? Chief Ethics Officers, pessoas que estão o dia inteiro ou uma parte do dia somente dedicada para os programas de ética das empresas. Tiram dúvidas, esclarecem dificuldades decorrentes de problemas concorrenciais, problemas externos da empresa, problemas internos que não são resolvidos pelos recursos humanos, mas que demandam uma política interna, uma estratégia. São profissionais que surgiram nos Estados Unidos e hoje já são mais de 800. Eles têm uma associação dos Ethics Officers. Nota-se que as empresas começam a ver isso de uma maneira muito mais concreta.
Como é que vem sendo o trabalho ético nas empresas africanas e espanholas?
A África começou com um trabalho muito forte na África do Sul. Criou uma rede que está sendo fortemente trabalhada por mais de 15 países, principalmente Quênia, Nigéria, Zâmbia e também África do Sul. A África tem muitos problemas porque as empresas internacionais chegam e pensam que ninguém está tomando conhecimento de nada e tentam relevar questões como direitos humanos, salários e trabalho infantil. O que os países da África estão fazendo é aproximar as empresas das universidades para que se encontrem parâmetros de ação capazes de conciliar investimentos e criação de empregos com comportamentos éticos. Essa é uma discussão que está acontecendo muito fortemente na África. Na Espanha, o movimento começou nas universidades basicamente por meio de pesquisas que apontam vulnerabilidades. É um país com muita legislação onde a lei é muito importante. Quando se percebe algum problema de ilegalidade, eles pensam assim: já que estamos todos trabalhando fora da lei e está sendo ruim para todos, vamos criar uma lei específica e vamos todos trabalhar corretamente. É isso que falta para a gente, o lobby dos que querem fazer o bem para conseguir fazer prevalecer o bem. Aqui acontece o contrário: o empresário sabe que se for ético perde dinheiro, então fica imóvel.
Então quer dizer que o Estado teria de contribuir para incentivar atitudes éticas?
No Brasil o Estado não contribui nada. Ao contrário contribui para a empresa não ser ética.
Por quê?
Eu acho que é uma questão moral. Nós estamos com legisladores muito pouco éticos. A legislação é feita de maneira antiética. Exemplo: o excesso de taxação. Se nós formos analisar todos os tributos que são aplicados às empresas e repassados ao consumidor, a soma alcança mais de 65% do que o consumidor está pagando de imposto. É um tipo de socialismo, só que sem os benefícios do socialismo. Porque se fosse socialismo de verdade a saúde deveria ser ótima, a educação deveria ser ótima, e a segurança deveria ser ótima. A própria empresa teria condições de trabalhar melhor, sem os dilemas dos dias de hoje quando não pode empregar mais porque os encargos sociais são fortíssimos. E se emprega sem registrar o trabalhador, enfrenta dificuldades. O Estado, de certa forma, está forçando a falta de ética das empresas.
Como desatar este nó?
A iniciativa vai partir das empresas. De onde é que hoje surgem os princípios morais? A família, que é o pilar da sociedade, está muito fragilizada. A Igreja ou as igrejas, não são suficientemente ativas, embora digam de maneira muito superficial o que deve nortear o caráter das pessoas daqui para frente. As escolas estão fraquíssimas. Cuidam de conhecimento, mas não estão formando cidadãos. Pelo menos na maioria das escolas. O Estado, por sua vez, não é modelo. Se olharmos para os grandes líderes políticos, com raras exceções, não são modelos de conduta. Os meios de comunicação apresentam modelos que são muito fora da realidade. O que sobrou? A empresa. A pessoa entra na empresa e aprende disciplina, respeito, responsabilidade, hierarquia, criatividade, aprende a ter iniciativa. Amadurece. Daí, a conclusão: a solução para o Brasil vai partir das empresas.
Sob esse ângulo, como conciliar a questão do lucro e da ética?
A ética bem vivida dá lucro. Esse que é o assunto. Não seria correto dizer: eu vou ter um programa de ética para dar lucro? A ética não é um instrumento, mas um princípio. Como princípio, gera integridade nas pessoas que trabalham nas empresas, nas suas condutas e tomadas de decisão. Se a empresa é ética, o cliente é fiel. No médio e longo prazo são empresas sustentáveis, com muito mais consistência do que as empresas que vão quebrando galhos para conseguir resultados.
Como é que a mídia pode contribuir no processo de democratização da ética?
A mídia pode contribuir muitíssimo. Primeiro do ponto de vista do ser humano, ajudando no sentido de cidadania, de responsabilidade, de integridade, de caráter, de formação pessoal, o que as novelas não costumam fazer, e os vários programas de divertimento também não A mídia poderia ser mais construtiva sem perder qualidade. Poderia divulgar mais os bons exemplos de ética em todos os setores da sociedade, inclusive empresariais. A mídia é muito crítica naquilo que ela vê como errado, o que é bom, mas é muito omissa naquilo que está sendo feito de bom. Há coisas maravilhosas que estão sendo feitas e não são divulgadas. O que é positivo está sendo relegado a segundo plano. A ONU tem feito um trabalho muito positivo de aproximação das universidades com as empresas. Mas o máximo de mídia que consegue são as notícias no seu próprio site.
A ONU tem um espaço para a questão da ética e desenvolvimento?
Todos os programas da ONU cuidam da questão ética. Todos promovem a ética de uma maneira muito forte, muito séria. Em relação às empresas o Global Pact está estabelecendo normas e princípios que todas as empresas deveriam cuidar. As empresas aderiram, assinaram e depois vivem na matriz, mas não vivem nas subsidiárias. A novidade é que a ONU está fazendo parceria com países para que localmente as empresas, de fato, sejam responsáveis pelos mesmos princípios seguidos pela matriz.
Quer dizer, a legislação é um ponto central nesse processo?
O cumprimento e o zelo pela legislação.
Os problemas éticos na concorrência podem prejudicar o Brasil na corrida da globalização, na atração de
investimentos?
Já prejudicou. Porque o Brasil não está na lista dos países que vão ser priorizados pelos investimentos? Porque aqui não existe segurança que é um princípio básico.
A senhora trabalha com o conceito de Aristóteles na ética. Por quê?
Não sou só eu. Tem muitas empresas que estão partindo para este modelo, porque o que tem vigorado muito no mercado internacional mesmo é essa loucura pelo lucro, não interessando os meios. E essa não é uma forma que satisfaça nem no curto, nem no médio, nem no longo prazo. Embora ela traga recursos, as pessoas acabam infelizes. O Aristóteles já fala outra coisa, ele foi o primeiro filósofo a tratar do valor ético da riqueza. Ele dizia: se tenho potencial para mais eu tenho obrigação de fazer. Aliou a capacidade realizadora com a responsabilidade, por meio das virtudes. Se uma empresa diz: se tenho potencial, tenho talentos, condições e tecnologia, tenho obrigação moral de contribuir com a sociedade com recursos a um preço justo. Por que não? A empresa segundo o princípio de Aristóteles age eticamente porque é livre. Não é porque a lei obriga. Sim, porque quer ser um bom instrumento da sociedade. E aí todo mundo ganha. A sociedade sai ganhando com produtos bons, os clientes, acionistas, os funcionários, todo mundo tem a ganhar com a forma transparente, com a forma clara, franca, honesta. Isso cria valor para a empresa.
Aristóteles falava da necessidade de educar o homem para o bem. Ele dizia que a educação do homem devia ser tanta que se ele fizesse o mal ele se sentiria ocupado. No Brasil, nós não estamos perdendo o bonde da educação, deixando escapar isso?
Perdemos muito e não sei se foi proposital por uma questão política. Eu quero dizer que tendo deixado a educação para o último plano, evita-se o surgimento de lideranças éticas. É por isso as empresas vão ser a saída para o Brasil do ponto de vista ético. Para se chegar numa boa empresa é preciso conhecer mais, produzir melhor, ser criativo, com seriedade e responsabilidade. Assim, a empresa acaba sendo um veículo de comunicação de educação muito forte. Informal do ponto de vista da educação escolar, mas a verdade é que a empresa forma as pessoas, recicla.
Num país como o Brasil onde o Estado tende a ser sempre forte, é possível se chegar a algum nível de excelência sem que o Estado participe ativamente?
Eu acredito que sim, sabe por quê? O Estado, por mais forte que seja politicamente depende do econômico. E o econômico se não estiver na mão das empresas, já se viu que não funciona. Esse binômio? Estado / Empresa, capital privado? Tem que existir e se o capital privado for forte o suficiente e produtivo e eficaz, ele consegue ajudar a trazer o Estado nas linhas certas. É o que está acontecendo agora. Eu nunca vi a empresa dando tanto suporte ao Estado como nos últimos 10 anos. Parece que eles têm começado a acordar, embora nesse momento nós estejamos passando uma fase de transição bem complicada. Eu vejo a empresa cada vez mais dando formas de fazer, sugerindo, apoiando o governo para tentar conseguir essa mudança e não vejo que a empresa deva diminuir o seu poder não. Ela vai sim ajudar a tornar ético o poder.
Esse tema da ética no Brasil em termos empresariais é um tema que data de quando, anos 40, 50?
Eu diria que começou a surgir a partir da chegada das multinacionais nos anos 50 e 60 com a internacionalização da economia. Mas foi na década de 90 que a questão da ética tomou realmente um impulso muito grande. Os consumidores se tornaram mais alertas, mais positivos em relação a isso. Começaram a perder o escrúpulo de dizer, olha se esta empresa fez isso eu não compro mais, alguns boicotes começaram a acontecer e com isso eu acho que as empresas começaram a olhar com mais calma. Nesse sentido, o PROCON tem um papel forte em relação à conscientização do consumidor. Não totalmente ainda. O nosso consumidor ou podemos até confundir com o cidadão normal, ainda é muito pouco informado. Exige pouco em relação ao que ele quer. Mas sou otimista: acredito que o consumidor pode cada vez mais, se houver um apoio da mídia, por exemplo, se tornar mais consciente e boicotar ou deixar de apoiar as empresas que não agem corretamente.
Qual a sua visão quanto ao futuro?
Não há outra saída. O que eu vejo em termos de ética concorrencial é que hoje a disputa está de uma maneira predatória na maior parte dos casos. Mas sou otimista.
Mas isso é um fenômeno brasileiro ou internacional?
Eu acho que é mais brasileiro e muito pobre em minha opinião. Por exemplo, CONAR. Quais são as maiores reclamações de propaganda que acontecem lá: dos próprios concorrentes. Eles não estão nem abertos ao consumidor ou governo. Agora o concorrente falou, eles vão verificar o que está acontecendo. Então o concorrente parece que está mais desperto hoje a destruir, do que para construir junto ou tentar se superar naquilo que o concorrente está melhor. E esse aspecto é muito latino, para nós é muito fácil. A inveja se sai muito desse jeito, querer acabar com o outro. Aliás, existe uma pesquisa que diz que o vício nacional que antes era a preguiça, hoje é a inveja. Por inveja as pessoas são capazes de coisas terríveis. E isso está aparecendo de maneira muito forte nas empresas, já que o público é o mesmo. O que eu tenho visto em outros países: estamos nos destruindo uns aos outros, vamos juntar, sentar, conversar e estipular coisas que sejam boas para todos nós. Pactos que sejam feitos de forma que todos ganhem dinheiro e trabalhem juntos e depois que é decidido o que é feito, continuamos a disputar o mercado a partir das nossas capacidades, nossos talentos, nossa criatividade. Um exemplo muito interessante no Brasil foi a questão dos produtos cosméticos. O IPI foi taxado de uma maneira tão alta para produtos de perfumaria e cosméticos. As empresas disseram: daqui para frente nós tememos um problema de saúde social. Porque ficou tão alto o preço do sabonete, do shampoo, que as pessoas vão parar de usar. A consequência disso vai ser um problema de saúde pública. Juntaram-se todos, pequenos, médios e grandes empresários e foram ao Ministério da Saúde e disseram: o problema que nós vislumbramos é saúde pública. O Ministério da Saúde estipulou uma grade como os produtos mais importantes e os mais dispensáveis e ai fez uma adequação das alíquotas de maneira que a pessoa mais simples pudesse ter acesso ao mínimo e quanto mais supérfluo fosse maior a taxa. E com isso voltaram ao mercado e continuaram com a concorrência normalmente. É essa prática que os sindicatos e associações deveriam ter de maneira mais forte na questão da ética. São muito fortes para outras coisas, mas para a ética não estão muito atentos. Eu acho que o que falta um pouco ainda é a perda da vergonha. Quando comecei o Centro de Estudos de Ética em 1992, houve muita gente que dizia não fale de ética assim, fale de integridade, de caráter que é mais fácil. E nós dizíamos não, os alunos diziam, ou é ética ou não é.
O que mudou nesses últimos anos?
Hoje falar de ética já é uma coisa que virou rotina e já é um termo familiar a todo mundo, mas na época era considerado fora do normal. Então eu vejo que esta familiaridade com novas formas de fazer negócios na área
concorrencial poderia ser muito correta. Chamo isso de profissionalismos - agir de forma correta para atingir resultados positivos para todos. Se eu não subornar eu ganho menos, então vamos todos não subornar? E criar realmente padrões dentro de associações e sindicatos de forma a quem burlar vai ficar privados dos benefícios das ações das entidades de classe.
De novo, a ideia é criar um reforço para as normas, os acordos e iniciativas dos diversos setores empresariais?
Sim. Experiência emblemática foi protagonizada pelo setor de brinquedos. Entravam no Brasil brinquedos que todos os países sem controle, com tinta tóxica e tudo e uma criança faz quando pega um brinquedo, leva na boca. Mais de 300 empresas se reuniram e formaram as primeiras normas que eram voluntárias. Essas empresas diziam: nós fabricantes de brinquedos não vamos fazer tais tipos de produtos que pudessem representar algum tipo de dano à criança. De voluntárias, as normas passaram a ser consideradas pelo Governo como relevantes e, depois, obrigatórias. São iniciativas muito positivas para a empresa e que podem se transformar em hábitos de negócios que são éticos.
Algumas informações interessantes:
a) Nos Estados Unidos já existem mais de 800 profissionais que respondem pela ética nas empresas. Trabalham sem burocracias e esclarecem dúvidas que vão desde a ética na concorrência à ética interna. As empresas começam a ver o tema da ética de forma muito concreta.
b) O Estado em nada contribui para a ética. A legislação é feira de forma antiética. O excesso de taxações é um exemplo. O pagamento dos impostos, de tão elevados, cheda a ser um socialismo. Só que não estamos desfrutando dos benefícios do socialismo. Se assim fosse, a saúde seria ótima, a educação seria ótima.... a segurança também. As próprias empresas teriam condição de trabalhar melhor. O Estado, de certa forma, está forçando a falta de ética das empresas.
c) Aristóteles foi o primeiro filósofo a aliar a capacidade de produzir mais com a responsabilidade ética da riqueza. Segundo seus ensinamentos, a empresa não deveria ser ética por força da lei, mas pela liberdade de ser útil à sociedade. É assim que todos ganham. Não pensando somente na procura do lucro que acumulam capitais, mas deixa as pessoas infelizes.
Aula do professor João Luiz Faculdade: FMU Curso: Segurança da Informação Matéria: Ética e Responsabilidade Social Extraído do site: http://www.etco.org.br/reporter.php?IdReporter=2. Acesso em 11/05/2011 às 14h30. |
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